sábado, 19 de setembro de 2009

Uma semana.
5 dias.
Muita gente louca disposta a agir.
Mentes disponíveis.
Corpos de contato e superfície permeável.
Só consigo pensar nas sensações que tive.

As práticas e as conversas não foram algo externo, foram atividades que efetivamente aconteceram internamente.
Os ossos tão comentados não se distinguiam da pele, dos músculos, dos órgãos, dos neurônios que existem ao longo do corpo e não só no cérebro.
Eram corpos pensando.
Mas pensando não cartesianamente, porque corpos não seguem a razão.
Pensamento que se efetivava pela percepção do outro que se torna parte de mim em uma troca de calor e energia impura.
Impureza que não tem origem certa, direção certa, ou fim.
Energia impura e rizomática,
que mesmo depois que acaba permanece.
Toda e qualquer atividade que realizamos não se esgotou em si mesma...
E mesmo com o fim da oficina ainda existe e reverbera...
Em textos como este, que reflete sobre o processo, ou em qualquer ação que possamos realizar daqui por diante.

Houve uma internalização, uma encarnação da energia imperceptível aos olhos, mas que a física, quando está disposta, comprova tranquilamente a existência.
Era energia térmica, mecânica, sonora, óptica... produzida de forma orgânica.
Éramos orgânicos, mas de um corpo sem órgãos que nos permitia infinitude.
O processo não se extinguiu com o fim da oficina.
O abismo ao qual fomos convidados a nos atirar, incerto, impreciso, inatingível e intangível não se encerra porque é parte desse devir que permanece...
e que somos nós e que não somos nós.

Cada um chegou como um mundo que, desde o primeiro momento em que se permitiu acoplar, se tornou diferente de si e do outro. Nos tornamos híbridos e ainda o somos, porque é impossível destilar ou decantar ou filtrar ou peneirar a mudança realizada por caminhos e substâncias tão diversas.

Dentro dessa prática existimos em um universo paralelo onde não somos mais isoláveis, mesmo que empacotados. Sem tato e sem visão, nos abrimos para escutar e sentir o que nos rodeia de uma maneira tão profunda que, quando somos liberados das camadas de papel e fita adesiva, tudo tem mais cor, cheiro, som e imagem. O isolamento é utópico, pois o corpo fica mais desperto se restringido. Ele vibra com mais força, ele corre com mais vontade, ele é vivo com mais intensidade.
Enxergamos sem ver, porque percebemos que somos cegos com os olhos sempre abertos.

Não somos nem um, nem vários.
Somos seres compartilhados, jamais compartimentáveis.

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