quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Bob Dylan: serpente no horóscopo chinês

- Você prefere música com mensagem sutil ou óbvia?
- Com o quê?
- Mensagem sutil ou óbvia?
- Com uma mensagem... Que música com mensagem?
- Como 'Eve destruction' e coisas assim.
- Prefiro isso a quê?
- Não sei, mas suas músicas deveriam conter uma mensagem sutil.
- Mensagem sutil?
- Bem, supostamente deveriam ter.
- Onde leu isso?
- Numa revista de cinema.
- Ah, meu deus...

- Pensa em si basicamente como um cantor ou um poeta?
- Penso em mim como um homem que canta e dança, sabe?
- Senhor Dylan, sei que não gosta de rótulos e provavelmente está certo, mas, para nós que estamos bem acima dos 30, poderia se rotular e talvez nos dizer qual é o seu papel?
- Bem, eu me rotulo como bem abaixo dos 30. E o meu papel é ficar aqui tanto quanto puder.
- É considerado por muita gente símbolo do movimento de protesto do país, para os jovens. O senhor vai participar da manifestação do Vietnam Day Committee em frente ao hotel Paramount, esta noite?
- Estarei ocupado esta noite.

"As coisas fugiram do controle. Sabe, caíram no... Você me pergunta se escrevo canções surreais, mas esse tipo de atividade é que é surreal. Não tinha respostas para essas perguntas, não mais do que qualquer outro artista, na verdade. Mas isso não impediu a imprensa, nem as pessoas, ou quem quer que seja, de me fazerem esses questionamentos. Por alguma razão a imprensa achava que os artistas tinham as respostas para todos esses problemas da sociedade. O que se pode dizer sobre isso? É algo meio absurdo."

- Senhor Dylan, parece muito relutante em falar sobre o fato de que é um artista popular, na verdade dos mais populares.
- O que quer que eu diga?
- Bem, não entendo por quê.
- Bem, o que quer que eu diga a respeito?
- Bem, parece de ter vergonha de admitir que é... de falar a respeito...
- Bem, eu não estou com vergonha. O que quer exatamente que eu fale? Quer que eu pule e diga 'Aleluia' e quebre as câmeras e faça algo estranho? Diga-me. Diga-me, faço o que mandar. De não puder fazer, acharei alguém que faça o que quer.
- O senhor não sabe por que razão ou não tem idéia de por que é popular, isso é o que me interessa.
- Na verdade, nunca me esforcei para isso. Aconteceu, sabe? Aconteceu, como tudo acontece.

Nenhum comentário:

Postar um comentário